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MENOS DOCES E MAIS IMPOSTOS

Estudo da USP sugere sobretaxar alimentos em 1% a cada 1g de gordura saturada.


É mexendo no bolso dos brasileiros que um estudo da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP em Ribeirão Preto (SP) propõe mudar os hábitos alimentares no país. A ideia é aumentar os impostos dos alimentos de acordo com o teor de gordura saturada – principal responsável por problemas cardiovasculares – e utilizar a receita arrecadada para subsidiar a produção de frutas, verduras e legumes.
O economista e pesquisador Rodrigo Mantaut Leifert explica que decidiu estudar o tema após observar que os índices de obesidade no país estão intimamente relacionados a hábitos alimentares ruins. Segundo a última Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), realizada pelo IBGE entre 2008 e 2009, cerca de 50% dos brasileiros e 48% das brasileiras acima dos 20 anos apresentavam sobrepeso. Uma em cada três crianças de 5 a 9 anos também estava acima do peso recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Orientado pelo economista Claudio Ribeiro de Lucinda, Leifert começou estudando o consumo de 12 grupos de alimentos diferentes, entre óleos, azeites, gorduras, carnes industrializadas, embutidos, laticínios e açúcares, como doces, sorvetes e chocolates. Após cinco simulações,  concluiu que seria necessário aumentar os impostos em 1% a cada grama de gordura saturada presente no produto.
“Porém, só encarecer o preço não é única solução porque as simulações demonstram que certamente haverá substituição por alimentos com alto teor de sódio. Por exemplo, eu deixo de comer chocolate e passo a comer batata chips, que tem praticamente o mesmo preço”, explicou Leifert.
A partir daí, o economista também sugeriu que a receita obtida com os alimentos sobretaxados fosse repassada em forma de incentivos à produção de frutas, legumes, verduras, tubérculos e cereais – o que, pelos cálculas de Leifert, representaria um subsídio total de 15,2%. “Precisa fazer uma combinação entre tributo e subsídio para incentivar as pessoas a comerem mais fibras e vitaminas. As pessoas são sensíveis à mudança de preço”, afirma.
O pesquisador explica que a intenção do estudo não é proibir o consumo dos alimentos considerados engordativos, mas forçar a população a substituir uma parcela deles por outros mais saudáveis. “As pessoas não vão deixar de comer chocolate para comer maçã. O objetivo é estimular a diminuição, para que haja mais qualidade de vida”, afirmou Leifert, destacando que são necessárias outras políticas aliadas à mudança de hábito alimentar.
“Só essa medida não resolve todos os problemas. É preciso incentivar a prática de exercícios e de outras mudanças na rotina da população. Mudar o cardápio é apenas o primeiro passo", conclui Leifert.

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